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Notícias > Estação meteorológica é exigência em agroindústrias

Publicado em 28/05/2008

Desde 2006, a instalação de estações meteorológicas em empreendimentos agroindustriais é obrigatória, principalmente em usinas de açúcar e álcool, para obtenção da Licença Prévia (LP) durante o processo de licenciamento ambiental, emitida pelo Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (DAIA/SMA), do estado de São Paulo.  . Esta exigência técnica é uma das condicionantes que deve ser atendida também nas fases de aquisição da Licença de Instalação (LI) ou da Licença de Operação (LO). Ambas são emitidas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), após a verificação do cumprimento de todas as exigências técnicas. Por conta do desconhecimento destas normas e exigências, muitas agroindústrias estão sendo reprovadas pela Cetesb pela ausência ou pelo uso de equipamento inadequado. A qualidade dos equipamentos e dos sensores meteorológicos é fundamental para que empresas sejam aprovadas nos testes. Com o intuito de esclarecer a questão aos industriais sobre os critérios e orientações em relação à aquisição das estações meteorológicas, a Ag Solve, procurou a Cetesb. Em entrevista, a companhia explica o que prevê a legislação, que obriga o uso de estações meteorológicas em agroindústrias.

 

Qual a resolução que exige a instalação de estações meteorológicas em agroindústrias e o que ela prevê?

A Resolução é a SMA n.42, de 24/10/06. Ela estabelece critérios e procedimentos para o licenciamento ambiental prévio de destilarias de álcool, usinas de açúcar e unidades de fabricação de aguardente.

 

Quais agroindústrias devem solicitar a avaliação de impacto ambiental?

A instalação de novas unidades ou ampliação ou reforma de unidades existentes, com capacidade de moagem entre 200 mil toneladas por ano e 1.500.000 toneladas por ano de cana estão sujeitas à avaliação de impacto ambiental, pelo DAIA-SMA, mediante a apresentação do Relatório Ambiental Preliminar (RAP). O Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) são exigidos para unidades com capacidade de moagem de mais de 1.500.000 tonelada por ano de cana.

 

Quais são os estudos meteorológicos solicitados em agroindústrias e por quanto tempo eles devem ser avaliados?

Dentre os estudos solicitados para análise ambiental do EIA-RIMA, está incluído o estudo de modelagem de dispersão de poluentes atmosféricos. Este estudo, além de dados de emissões atmosféricas, necessita de série de dados meteorológicos medidos no local do empreendimento - pelo menos um ano de dados horários - ou nas proximidades - série de cinco anos de dados horários. A falta de dados meteorológicos reais, medidos no local do empreendimento ou no seu entorno, não impede a análise do impacto ambiental, porém, compromete os resultados do estudo de dispersão, principalmente ao que se refere à localização dos pontos de máxima concentração de poluentes atmosféricos.

 

Se avaliado o comprometimento da qualidade do ar, o que acontece?

No caso de estudo de dispersão apresentado com dados meteorológicos modelados (não reais), após sua avaliação e dependendo do grau de comprometimento do padrão de qualidade do ar por este empreendimento, será feita a exigência técnica de monitoramento meteorológico. Posteriormente, poderá ser solicitada, pelo órgão licenciador e/ou fiscalizador, a elaboração de um novo estudo de dispersão utilizando série de dados reais de, pelo menos, um ano de dados medidos no local do empreendimento. Ou ainda quando houver nova solicitação de Licença Prévia para ampliação do empreendimento.

 

Quais são os parâmetros de monitoramento exigidos?

Para finalidade de estudos de dispersão, é exigido o monitoramento dos seguintes parâmetros meteorológicos horários: direção e velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar, radiação solar global, cálculo do desvio padrão da direção do vento e cálculo da classe de estabilidade.

 

Quais são os procedimentos para a instalação de uma estação meteorológica em agroindústria?

O procedimento para instalação de uma estação meteorológica segue a normatização existente da Organização Meteorológica Mundial (OMM) para estação meteorológica de superfície convencional. Como referência para instalação, bem como a escolha e a especificação de sensores da estação meteorológica, a Cetesb recomenda consultar os guias da Agência Ambiental Americana (USEPA): "Meteorological Monitoring Guidance for Regulatory Modeling Applications" e "Quality Assurance Handbook for Air Pollution Measurement Systems - Volume IV: Meteorological Measurements", que pode ser acessada no site: www.epa.gov/scram001/metguidance.htm

 

Para a escolha do local da estação, quais são os requisitos mínimos a ser considerados?

O local para instalação deve ter as seguintes características:

  • Superfície: preferencialmente, grama curta e sem irrigação;
  • Não estar próximo de obstáculos, tais como árvores e/ou prédios. A distância mínima deverá ser de quatro vezes a altura do obstáculo; contudo, para os sensores de vento (que medirão direção e velocidade) a distância deve ser 10 vezes maior do que a altura do obstáculo;
  • Não estar próxima a encostas íngremes, picos ou vales; preferencialmente, estar distante de corpos d’água significativos, tais como: barragens, rios, lagos, etc.

 

Quais são as informações que a Cetesb solicita para avaliação da estação, antes da implantação  ou para a já existente?

Para avaliação da estação seja antes de instalar ou na que já está instalada, a agroindústria deve fornecer:

  • Mapa ou “croqui” da estação meteorológica;
  • Fotos da estação e do local em relação aos pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste);
  • Descrição, distância e altura dos obstáculos na área e seu entorno;
  • Especificação dos sensores (resolução, alcance e precisão), fabricante e fornecedor a ser instalados. Caso já esteja instalado, deve apresentar as respectivas alturas dos sensores;
  • Periodicidade  e formato dos dados;
  • Plano de manutenção e calibração periódica das estações meteorológicas.

 

Quais são as recomendações da Cetesb para implantação e operação da estação?

As principais recomendações para a implantação e operação da estação meteorológica são:

  • Os sensores de vento (direção e velocidade do vento) deverão estar a 10 metros de altura, sendo o sensor de direção posicionado em relação ao norte verdadeiro (geográfico); os demais sensores deverão estar nas respectivas alturas padrões.
  • Os sensores deverão ter certificados de calibração;
  • A manutenção periódica deverá ser, no mínimo, anual;
  • Para finalidade de estudos de dispersão atmosférica, os dados medidos devem ser valores médios horários;
  • O sistema adquirido deverá prover os cálculos horários de desvio padrão da direção do vento e da classe de estabilidade;
  • Os registros dos dados horários deverão ser armazenados em banco de dados, em formatos acessíveis para consulta contendo data, hora e parâmetros de medição.

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