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Notícias > Água reciclada é caminho certo para indústrias

Publicado em 29/04/2008

O cerco ao desperdício de água está se fechando no País. Deputados paulistas aprovaram no início de abril três projetos relacionados à escassez, alto custo e uso abusivo da água potável. Para virarem lei, eles precisam apenas da sanção do governador do Estado, José Serra. Entre os projetos, dois afetam diretamente empresas e indústrias. Um deles obriga empresas que trabalham com meios de transporte e lavagem de veículos a instalar equipamentos de tratamento e reutilização da água. Já o outro cria o Programa Estadual de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações Públicas e Privadas (Purae), que prevê a adequação dos prédios públicos com aparelhos que economizem água. Para isso, será necessária a troca de bacias sanitárias, chuveiros e lavatórios por modelos com volume reduzido de descarga, além da instalação de torneiras com arejadores. O governo paulista deve incentivar ainda as pessoas a providenciar reservatórios para contenção da água de chuveiros, banheiras, lavatórios, pias, entre outros, para o reuso da água. No caso das indústrias, a grande tendência será a reciclagem da água por meio do reuso de efluentes, segundo o Prof. Dr. Urivald Pawlowsky, titular de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e consultor em Tratamento e Reaproveitamento de Resíduos Industriais.

 

“Os efluentes nada mais são do que as águas de entrada nos processos produtivos seja como matéria prima, para lavagens de pisos e equipamentos, para geração de vapor, entre outras coisas, só que acrescidas de resíduos provenientes do próprio processo produtivo. Alguns efluentes podem ser misturados no procedimento de reciclagem de água por apresentarem características de qualidade compatíveis com o seu uso. Podemos citar as águas de condensação de vapor, águas de estágios finais de certas lavagens, além de outras”, explica Urivald. Segundo o pesquisador, a água pode ser reutilizada sempre que tiver as características de qualidade exigidas para uma certa aplicação, avaliada por um técnico.

 

As águas residuárias em indústrias, após tratadas, podem receber tratamento complementar por intermédio de tecnologias como: coagulação/floculação seguida de decantação ou flotação, desinfecção por agentes como cloro, ozônio, peróxido de hidrogênio, dióxido de cloro; carvão ativado; processos de membranas como microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração ou osmose reversa; processos oxidativos, entre outras, dependendo do caso. “O reuso significa uma menor utilização de água extraída da natureza seja de fontes subterrâneas, ou superficiais, além da diminuição de lançamentos de qualidade inferior ao da captação da natureza. Os sistemas de gestão de qualidade, como o Sistema de Gestão Ambiental (Norma ISSO 14001) exigem melhoria contínua de desempenho ambiental. O reuso é uma das formas mais evidentes de melhoria. Com o advento das outorgas de captação e de lançamento, que terão custos para as empresas, é fácil concluir que há também interesse econômico no reuso” ressalta o pesquisador.

Outro ponto importante, de acordo com Urivald, é que “todos os processos, tanto os produtivos industriais que usam água, quanto aqueles de tecnologias de reciclagem e de reuso, devem ter o monitoramento completo das águas usadas, pois há padrões de qualidade e de desempenho a serem observados”. Segundo Mauro Banderali, diretor da empresa de monitoramento ambiental Ag Solve, o monitoramento da qualidade da água em todas as etapas do processo produtivo é fundamental para um bom desempenho do sistema. “Os sensores de qualidade da água são indispensáveis para as áreas de saneamento e hidrologia. Os múltiplos sensores avaliam as condições de temperatura, condutividade elétrica, salinidade, oxigênio dissolvido, pH, ORP, turbidez e profundidade/nível.

Entre os primeiros passos que o empresário precisa dar para a reciclagem da água, segundo o pesquisador, estão um exaustivo levantamento do consumo de água e geração de efluentes; comparação do uso com empresas similares; adoção de uma política de minimização e reaproveitamento de resíduos através de modelos existentes; e a ajuda de consultores em tratamento e minimização de resíduos. “Medidas simples como lavagens precedidas por limpeza a seco de qualquer ambiente; uso de água pressurizada ao invés de baldes ou mangueiras; vasos sanitários com menor quantidade de água (6 litros); reciclagem de condensados; e muitas outras, já são de grande valor.”

 

Um dado alarmante, de acordo com o pesquisador, é que na Conferência das Nações Unidas na África do Sul, em 2002, pesquisadores fizeram uma previsão de que em 2040, cerca de 45% da população mundial não terá disponibilidade de água potável.

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