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Notícias > Monitoramento de microbacia auxilia no manejo sustentável

Publicado em 11/06/2007

A microbacia, do ponto de vista físico, é uma unidade geográfica delimitada pelo relevo e composta por uma rede de córregos, que deságuam em um rio principal. Assim, a microbacia não se diferencia muito de uma bacia hidrográfica, a não ser pelo tamanho. Já do ponto de vista hidrológico, as bacias hidrográficas são classificadas em grandes e pequenas não com base em sua superfície total, mas nos efeitos de certos fatores dominantes na geração do deflúvio. Define-se "microbacia" como sendo aquela cuja área é tão pequena que a sensibilidade a chuvas de alta intensidade e às diferenças de uso do solo não seja suprimida pelas características da rede de drenagem. Devido à dificuldade de se planejar a intervenção em bacias hidrográficas, com toda a sua complexidade e infinitas variáveis socioeconômicas e ambientais, nasceram os programas de microbacias. Neles, são discutidos os grandes problemas enfrentados, como a crescente degradação das terras e a conservação dos rios.
Os primeiros programas voltados para as microbacias foram idealizados por técnicos da extensão rural pública do Paraná, por volta de 1978. Atualmente, empresas privadas também se envolvem nesse problema. A VCP (Votorantim Celulose e Papel) desenvolve o monitoramento de bacias hidrográficas desde 1989, através da microbacia situada na Fazenda Bela Vista, em Santa Branca/SP. A empresa participa da Rede de Monitoramento Ambiental em Microbacias (Reman), que é composta por 18 microbacias experimentais localizadas em áreas de reflorestamento com diferentes condições edafo-climáticas. Cada microbacia integrante do Remam constitui, em si, um trabalho de pesquisa, desenvolvido por meio de um convênio com o Departamento de Ciências Florestais da Esalq/USP, por intermédio do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF). O objetivo da Remam é monitorar e avaliar operações florestais em relação à qualidade e quantidade de água e ciclagem de nutrientes, além de obter e aperfeiçoar indicadores hidrológicos para a busca do manejo sustentável de florestas plantadas.



Segundo a pesquisadora da empresa, Maria José Brito Zakia, “a VCP conta ainda com duas microbacias monitoradas, Capão Bonito e Luís Antônio. Além disso, há três novas a serem implementadas, uma em Igaratá e duas em Lorena, todas no Estado de São Paulo”. Com planejamento, intervenção e monitoramento das microbacias, consegue-se reduzir as variáveis ambientais, sociais e econômicas, permitindo um trabalho mais factível e eficiente. De acordo com Maria Zakia, “os principais objetivos do monitoramento realizado pela VCP são: identificar os efeitos das atividades florestais sobre a quantidade e qualidade da água; subsidiar o sistema de gestão ambiental da Empresa; desenvolver indicadores hidrológicos para favorecer a busca do manejo sustentável de plantações florestais; e desenvolver modelos que permitam simular o comportamento hidrológico de microbacias hidrográficas florestais”. “A VCP enxerga a microbacia como um termômetro das atividades desenvolvidas pela Empresa”, explica Maria Zakia.
Os indicadores monitorados nas microbacias experimentais são: alcalinidade, nitrato, sódio, potássio, cálcio, magnésio, pH, ferro, sedimentos, dureza, cor aparente, turbidez e condutividade. “A partir destes indicadores é possível, através do monitoramento contínuo de cada etapa do ciclo florestal, estabelecer critérios sobre a qualidade do manejo silvicultural empregado na área da microbacia experimental e, na medida do possível, extrapolar tais resultados para as demais áreas”, explica a pesquisadora.
“As florestas plantadas de eucalipto da VCP” – afirma a pesquisadora- “são de rápido crescimento e provocam efeitos mais rápidos sobre os recursos hídricos, por isso o conhecimento dessa relação entre a floresta plantada e a água é uma meta importante na Gestão Ambiental da VCP”. Para estudar essa relação, a pesquisadora utiliza um sensor de nível da Ag Solve, que funciona como um linígrafo digital, “para que se possa medir continuamente a vazão das microbacias”, explica. Ela também faz uso de um pluviógrafo da Ag Solve, que faz a relação chuva-vazão. Outro recurso é o vertedor, um mecanismo que permite o registro contínuo da vazão do riacho. “Medindo a chuva é possível quantificar a relação entre a chuva e a vazão na bacia, o balanço hídrico. Esta relação pode ser alterada pelo manejo da cobertura florestal e este é o objetivo do monitoramento”, esclarece Maria Zakia. Esses produtos são acompanhados de itens indispensáveis, “como bateria solar e cartão de memória”, acrescenta.
Com o monitoramento das microbacias a empresa toma decisões para aprimorar o manejo florestal, tais como: “operacionalização do cultivo mínimo do solo; opção por um modelo de colheita que mantém os resíduos sobre o solo, propiciando proteção física e a ciclagem de nutrientes; e mais recentemente, o estabelecimento de critérios para locação e redução da intensidade da malha viária nos sites florestais”, exemplifica Maria Zakia.
O trabalho em microbacia é um processo que precisa ser realimentado constantemente com a incorporação de novas tecnologias sustentáveis e sem perder as oportunidades de projetos mais macro, como aqueles com foco em bacias ou territórios. “Neste contexto, com a adoção dos conceitos de microbacia no planejamento das atividades da empresa, certamente, estaremos mais próximos do tão almejado manejo florestal sustentável”, conclui a pesquisadora da VCP.

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