Notícias > Alerta Climático na Amazônia
No evento da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizado no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, cientistas destacaram a crescente gravidade dos extremos climáticos na Amazônia. Este encontro anual, que em 2024 contou com a participação recorde de 26,6 mil inscritos, priorizou debates sobre as mudanças climáticas e seus impactos no bioma amazônico.
Os dados apresentados apontam um aumento significativo na intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como secas mais severas e prolongadas, e enchentes recordes, especialmente desde 2009. Além disso, estudos indicam que os lagos amazônicos estão aquecendo, tornando a floresta mais suscetível a incêndios e comprometendo sua capacidade de atuar como um sumidouro de carbono.
Propostas de Adaptação: Cisternas e Kits de Tratamento de Água
Entre as medidas de adaptação sugeridas pelos pesquisadores estão a construção de cisternas para captação de água da chuva e o fornecimento de kits de tratamento de água para as comunidades. Essas ações visam garantir o acesso a água potável, especialmente durante os períodos de seca extrema, como a ocorrida em 2023, quando rios como o Negro, Solimões, Amazonas e Madeira atingiram níveis mínimos históricos.
Monitoramento e Dados Recentes
O pesquisador Ayan Fleischmann, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, destacou o impacto da seca extrema de 2023 na região do médio rio Solimões. Dados indicam que o lago Tefé, por exemplo, encolheu 75%, e a temperatura da água ultrapassou 40°C, resultando na morte de mais de 200 botos-vermelhos e tucuxis.
Outros dados apresentados mostram um aumento de 26% nas inundações máximas na Amazônia desde 1980, com uma extensão de até 50 dias a mais na duração das inundações. A temperatura dos lagos amazônicos também tem aumentado em 0,6°C a cada década.
Desafios e Previsões Futuras
Os cientistas alertam para a necessidade de investimentos urgentes em infraestrutura para captação e armazenamento de água da chuva, bem como em medidas de mitigação, como a redução do desmatamento e a interrupção de projetos de construção de hidrelétricas na Amazônia.
O pesquisador Jochen Shongart, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ressaltou que as emergências climáticas na Amazônia no século 21 já têm a mesma duração das registradas em todo o século 20. Ele expressou preocupação com a seca prevista para 2024, considerando o aquecimento contínuo do Atlântico Tropical Norte e a possibilidade de ocorrência do fenômeno La Niña, que pode alterar o padrão de chuvas na região.
Fonte: Adaptado de Folha de S. Paulo